Instituto Cidade do Calçado

Projetos junho 9, 2022

Instituto Cidade do Calçado O Instituto Cidade do Calçado foi criado em 2013 e tem diretoria constituída – sob o comando de seu presidente, o empresário Giuliano Gera -, aguardando apenas a definição de um local para funcionamento. Nesse meio tempo, o Sindifranca conseguiu a liberação de R$ 400 junto ao governo do Estado de São Paulo para a compra de 522 itens, entre equipamentos e mobiliário. Sua missão é capacitar a indústria calçadista francana e descobrir seus talentos. Seu trabalho começará com empresários e gerentes para aprimoramento de gestão.

ENTREVISTA

O sonho de criar uma Universidade Calçadista Giuliano Spinelli Gera – Empresário e presidente do Instituto Cidade do Calçado Em junho, o Instituto Cidade do Calçado foi oficialmente registrado e sua primeira diretoria, eleita. Capitaneando a nova entidade, está o empresário Giuliano Spinelli Gera, 36, da indústria de calçados PG4. O Instituto foi criado pelo Sindifranca como braço social para desenvolvimento humano e criação de ferramentas que promoverão melhorias no setor, disse Gera. É dele a responsabilidade de tirar do papel o sonho de ter uma Universidade Calçadista em Franca.

O conceito é inovador: cursos divididos em módulos para capacitar desde o chão de fábrica até os proprietários das empresas. Sua escolha não foi por acaso. Gera acredita na transformação através do ensino. Formado em economia e administração de empresas e pós-graduado quatro vezes (gestão empresarial, controladoria e finanças, marketing, gestão tributária), o empresário ministrava aulas no curso de pós-graduação da FGV e na Claretianos em Batatais.

“Trabalhei 15 anos na Democrata e vi a empresa se transformar através da qualificação de seus funcionários. Sempre acreditei nisso”, disse ele. Filho de pai francano e mãe patrocinence, Gera mudou com a família para a capital paulista muito novo e só voltou a Franca com 14 anos. Assim que chegou, começou a trabalhar na Democrata como office boy e aos 16 anos já era gerente financeiro. “Na época a empresa passou por duas consultorias que identificavam talentos. Na primeira, fui promovido a supervisor. A segunda mapeou a indústria e criou a gerência que assumi. Até que cheguei à diretoria. Cuidava das áreas de contabilidade, suprimentos, custos, financeira e TI”, lembrou.

O empresário deixou a Democrata em 2007 para fundar sua própria empresa, a PG4.

Sindifranca Magazine – O que os calçadistas francanos podem esperar do Instituto?

Giuliano Gera – O projeto tem uma missão muito bacana de ser um fomentador de melhorias operacionais e estratégicas, mas ainda está tomando corpo. Estamos iniciando o processo de captação de recursos para saber como ele vai sobreviver.

Magazine – E quanto à estrutura física?

Gera – Existe o plano estratégico, a ideia. E agora a gente começa o passo a passo. Há uma doação de equipamentos do governador Geraldo Alckmin no valor de R$ 400 mil. São computadores e materiais para montar as salas de aula e dar o pontapé inicial. Ele deve vir a Franca para fazer a entrega. Como ainda estamos estudando um local para que o Instituto seja instalado, os equipamentos ficarão guardados. Não adianta ir atropelando, alugando uma sala e criando despesas sem ter receitas. O Sindifranca está fazendo um trabalho muito direcionado para conseguir verbas tanto no governo federal quanto no estadual.

Magazine – O instituto sobreviverá a partir desses repasses?

Gera – Estamos pensando em outras fontes. O Sindifranca e o Instituto vão implantar e administrar juntos a Indicação de Procedência com um selo a ser usado pelas indústrias credenciadas. Para isso, elas deverão pagar um valor sobre cada par produzido. Essa será a remuneração para a administração da IP. E haverá ainda a própria mensalidade de algumas empresas. O Instituto não terá apenas indústrias calçadistas vinculadas a ele, terá uma abrangência maior. Então, essa poderá ser outra fonte de renda também. Além disso, temos várias ideias de promover eventos, festas… Coisas que possam de alguma forma angariar recursos para o Instituto. A gente vai começar essa articulação assim que ele estiver com a estrutura pronta.

Magazine – A entidade terá foco em capacitação?

Gera – Quando você fala em trabalhar com o ser humano, há alguns complicadores. O primeiro deles é o tempo do indivíduo, para ele aceitar e querer melhorias. Teremos alguns cursos e já estamos mapeando orientadores e professores, pessoas que sejam ligadas ao setor calçadista que possam ministrar com mais coerência. Os cursos serão divididos em módulos: para empresários, funcionários de supervisão e gerência e chão de fábrica. Mas isso é um trabalho de formiguinha, porque quando você fala em treinar, você tem todo um processo, um comprometimento. Como uma Universidade Calçadista. A ideia é termos cursos disponíveis e pessoas interessadas em participar dessas melhorias, o que não é fácil.

Magazine – Por que não?

Gera – Nesses 24 anos que eu tenho de setor calçadista, trabalhei em uma grande empresa e lá eu era um dos incentivadores. Acreditava que as pessoas deveriam se capacitar, se formar, buscar melhor ensino. Mas mesmo com todo o recurso que a empresa dava, era difícil que as pessoas buscassem especialização, profissionalização. Então, eu sei que é complicado você promover essa mudança, que pega a base humana de querer melhorar, vivenciar situações diferentes, sair da rotina, mudar um pouco seu referencial. Isso é uma missão complicada, mas acredito muito nisso. Na Democrata, tínhamos a ideia fundamentada de trabalhar o ser humano. Enquanto eu estive lá, uma das minhas missões era que as pessoas tanto as do primeiro escalão quanto o chão de fábrica tinham que procurar aperfeiçoamento. E a gente buscava palestras e cursos. Tentava tirar o pessoal daquela rotina e abrir um pouco o horizonte. Se foi possível fazer isso na Democrata, que foi uma empresa que se transformou e hoje é referência de mercado por causa disso. Por que não aqui?